Diário de Bordo 1ª/2ª etapa campeonato Brasileiro

04/12/2012 16:22

 

No Sábado fomos uns dos primeiros a chegar à Hípica da Fazenda Serra Azul, próximo a Itupeva SP, um lugar fantástico, com uma estrutura impressionante. A movimentação no local ainda estava tímida, a equipe do Edu ainda transportava os obstáculos para a pista de areia, um piso até então inédito para grande parte dos competidores, inclusive pras duas duplas que eu paço parte.

Realizamos um rápido treino de reconhecimento com obstáculos fornecidos pela organização e logo percebemos que a areia não seria problema. Com o tempo os outros participantes começaram a chegar e logo a agitação tomou conta do lugar.

Já no reconhecimento da primeira pista percebi o elevado grau de dificuldade da mesma. O meu modo de condução teimava em não se encaixar no percurso (nunca vi tantos pivôs juntos). Com o auxílio de dois excelentes competidores pude montar uma estratégia adaptada à minha limitada capacidade, mas a pressão era muito grande, o que só dificultava as coisas.

Primeiro fui com a Lisa, que é visivelmente mais veloz e, portanto, mais difícil de controlar. Comecei aos trancos e barrancos e logo a inexperiência pesou. Ao final do percurso a conduzi à entrada errada do último túnel e fomos eliminados. Um verdadeiro balde de água fria.

Com a Penny, que corre de forma mais cadenciada, consegui me sair melhor, tivemos apenas uma falta na zona de contato da passarela, e no final improvisei alguns cruzados frontais, o que deixou a condução um tanto estranha, mas que nos rendeu um terceiro lugar naquela perna. Nem tudo estava perdido.

Se segunda pista, já recuperado do choque inicial, consegui terminar o percurso em um bom tempo com a Lisa, apesar de algumas faltas. Em seguida entrei mais confiante com a Penny, afinal estávamos em terceiro e eu já tinha concluído a pista com a Lisa, havia uma boa chance de conseguirmos pódio já na primeira etapa. Mas a pressão de disputar o primeiro Campeonato Brasileiro, somado à dificuldade das pistas e minhas limitações, falaram mais alto. Logo no início do percurso não consegui impedir que a Penny entrasse pela boca errada do túnel, o que nos valeu a eliminação.

Ao final do dia, tivemos um 8º lugar com a Penny e um 12º lugar com a Lisa, mas o que valeu mesmo foi o aprendizado, há tanto a aprender, tanta coisa a mudar, participar de competições de grande porte nos ajuda a perceber isso com mais clareza.

No dia seguinte, logo no reconhecimento já achei a primeira pista bem mais fácil, eu estava finalmente me acostumando com o nível do campeonato e principalmente, já estava me livrando do nervosismo que tanto me atrapalhou no dia anterior. Cheguei até a ficar calmo demais, o que não foi bom, pois confundi os obstáculos seguintes ao primeiro túnel e acabei levando a Lisa à eliminação.

Eu só tinha mais uma chance de conseguir um bom resultado, e não podia desperdiçar. Então fui com a Penny, totalmente concentrado, sabendo que nesse momento, era tudo ou nada.

Logo antes de entrar na pista recebi um valioso conselho, voltaremos a ele em breve. Essa pista estava apresentando uma particularidade, uma reta com uma casinha, um salto e um túnel em formato de L. Grande parte dos competidores estava sendo eliminada ou penalizada com refugo ali, pois os cães ao passarem pelo salto seguiam direto para a entrada errada do túnel, e como era uma grande reta, os condutores não chegavam a tempo de impedir.

Iniciamos bem o percurso, fizemos uma pista limpa até a passarela, na descida a Penny pulou de lado e trombou comigo, cambaleei, corri, cambaleei novamente e finalmente consegui me equilibrar, mas não a tempo de perder o ponto do salto e sermos punidos com um refugo, mas não era hora pra lamentar, o ponto crítico estava a um túnel e dois saltos de distância e não havia tempo a perder, a estratégia normal era sair do túnel com um blind, saltar, fazer um pivô, saltar novamente e conduzir o cão por dentro para a casinha, depois correr como um louco pra tentar impedir que entrasse no túnel ao contrário depois do salto.

Saí do túnel com o blind, ela passou pelo primeiro salto, fiz o pivô, e assim que ela passou pelo segundo salto, segui o conselho que recebi e fiz mais um pivô, passando para o outro lado, ela entrou na casinha enquanto eu corria por fora, passamos pelo salto normalmente, ela veio pro meu lado, entrando na boca correta do túnel, ainda inventei um cruzado frontal e encerramos a pista em primeiro lugar! A vibração do público foi contagiante.

 Na segunda pista, com a Lisa entrei totalmente despreocupado, e fizemos um ótimo percurso, apesar de sofrermos algumas faltas, ficamos com um dos melhores tempos e acabamos em 5º lugar.

Com a Penny, entrei ciente de que poderíamos ser os campeões da segunda etapa. Mais uma vez a pista apresentava uma grande dificuldade, com vários pivôs e algumas pegadinhas. E mais uma vez era tudo ou nada, começamos com uma ótima velocidade, passamos tranquilamente pelo primeiro conjunto de pivôs, onde havia um túnel bastante complicado, que seria utilizado duas vezes, uma entrada diferente de cada vez. Ao final da pista, a Penny saltou a zona de contato na descida da passarela, com essa falta empataríamos em número de faltas com a dupla melhor colocada até o momento, mas poderíamos vencer no somatório dos tempos.

Ao sair da passarela, passamos por um salto e em seguida chegamos ao ultimo conjunto de pivôs, que acabava justamente no túnel utilizado duas vezes, esse era talvez o ponto mais difícil do percurso. Consegui fazer todos os pivôs e na hora de entrar no túnel, uma dúvida! Qual era mesmo a entrada? Eu simplesmente não me lembrava! Qualquer penalidade nos custaria o título e o tempo estava passando.

Sabe aquela sensação de pânico que toma conta da gente nas horas em que se percebe que tudo está indo por água abaixo? Aquele frio na espinha quando se descobre que chegou tão perto pra simplesmente cair no final? Isso nem passou perto da gente naquela hora, parei tudo, olhei pra trás, vi qual era a entrada certa pelos números nos cones e a mandei entrar, assim que saiu, passou pelo muro como um raio e foi direto pro salto final! Penny campeã da segunda etapa do Campeonato Brasileiro de Agility!

É impressionante a sensação que toma conta da gente nessas horas. O nosso objetivo é sempre ser o campeão, principalmente de uma competição de nível nacional, mas quando isso realmente acontece, é como se fosse algo totalmente inesperado. Mesmo sendo da categoria iniciante, tendo quase nenhuma experiência, vencer uma etapa é ter a comprovação real de que o esforço pode valer a pena. E como valeu!

Marco & Penny & Lisa.